L O (Autor Ricardo de Faria Barros)

A primeira transmissão da internet está próxima dos cinquenta anos.
A letrinha piscou numa tela de fósforo verde, e era um L.
Um professor, incrédulo, entusiasmado e sem querer acreditar no que acabara de fazer, correu para o telefone e pegou o telefone e ligou para seu colega, há quilômetros de distância em Stanford, perguntando-lhe:
- Chegou algo na tela de seu computador?
O colega respondeu-lhe, quase dando pulos de alegria: Sim, a letra “L”. “E eu não digitei nada aqui!!!”
Cientistas da UCLA abraçaram-se, e teclaram uma nova letra: “E agora?”
- Agora chegou um O.
E a alegria tomou contas das duas Instituições de ensino
Contudo, a próxima letra enviada, nunca chegou, o computador de Stanford deu pau.
Seria, G. Seguida por I e N.
LOGIN!
Uauuu!!!
Bem na hora do Login o sistema caiu.
Mas, eles não desistiram. Tempos depois, nem eles, nem nós, seríamos mais os mesmos após a internet das coisas.
Amo as coisas que tudo que nos remete a conexões.
Lembram daquela cena no filme ET, na qual ele toca com o dedo na testa do menininho.
Não tem como não se emocionar com aquela cena, que considero uma das mais bonitas da dramaturgia. Eles fazem entre si uma conexão de amizade.
Outra cena de conexão, vemos na Capela Sistina, pintada por Michelangelo. É aquele famoso quadro em que Deus toca o seu dedo no dedo do Homem, fazendo uma conexão espiritual.
Temos que “levantar nosso sistema emocional e espiritual” para permitimos que conexões aconteçam. Temos que fazer como os professores fizeram, ao não desistirem até que conseguiram o LOGIN.
Quem tem as chaves de nosso coração? Quem consegue nos fazer sentir bem, cheios de esperança, de vida? Quem ao lado dele(a) não tem tempo ruim que persista?
Quem contamos as horas para rever, ou quando com ele(a) estamos as horas insistem em galoparem?
Se você está se lembrando de pessoas assim, em teu viver, guarde o login delas com muito zelo, com muito cuidado. Elas são bênçãos.
E, sinto dizer-lhe, não temos a mínima ideia do que faz algumas pessoas terem o login de nosso coração, em detrimento de outras.
Tem logins de amizades, de amores, de fraternidade, de solidariedade, de espiritualidade.
E, quem tem esse acesso aos nossos corações, quando digitam suas letrinhas, faz rodar em nosso peito o carrossel do destino: alterando nossas rotas e jeito de ser, e para melhor.
321, o que é para você? Para mim é conexao.
De amor.
Em 3 2 1, sinto que algo de bom vai começar.
321 é o número da casa de meus pais, na rua Antenor Navarro.
O que é 32 pra você?
Para mim a maior mensagem de amor já feita para nós. Que só podemos compreendê-la no mundo espiritual.
O três da Trindade Santa. O dois de eu e tu, conectados a Ela. . "Onde dois ou mais estivrem reunidos, EU (a Trindade de amor) estarei entre eles.
Que conexão maravilhosa, o 32 nos possibilita.
E, não nos esqueçamos jamais. No mundo espiritual, Deus tem a senha para girar nossos corações, para nos fazer sentir amados por Ele. O problema é que colocamos, do lado de cá da porta, uma trave que impede que a chave gire. E Ele opere em nós. Entende?
A trave do egoísmo, da maldade, do ódio, da ganância, do materialismo, do poder, da mágoa e inveja enferrujadas que deixamos oxidar em nosso peito.
Quando dois corações se conectam passam a operar numa mesma frequência, e entre eles imperará uma força transformadora fazendo tudo novo e diferente, embora cotidiano e igual seja. Entende?
Nas escolas deveríamos ter a disciplina Amor. Ensinar a fazer os Logins com o outro.
Ensinar sobre cuidado e respeito humano. Ensinar sobre ternura e apoio.
Ensinar sobre amizade e paz.
Precisamos cultivar conexões. Uma das maiores faltas que o Orkut me fez foi nesse terreno. Ali fiz amigos e amigas de até hoje. Amizades cultivas em comunidade como o “Boteco Mói de Liso”, ou a “Receitas Fáceis”.
Agora as redes sociais tornaram-se agressivas. Até as Comunidades abertas, são tudo, menos Comum + Unidade.
Quem tem logins a digitar, no coração do outro; ou quem se deixa acessar por logins, digitados pelos outros, tem tesouros.
Sem as conexões com os outros não há vida boa, e que por ela valha a pena ser vivida.
O quadro da Sistina, a cena do ET, e as letrinhas LO que não completaram a palavra LOGIN, nos ensinam muito sobre como bem viver.
E, que nunca esqueçamos a senha que um dia permitiu que adentrássemos na vida do outro, fazendo nele um login.
É preciso que a guardemos num pano de guardar confete, como diz a canção.
Pois, nunca saberemos novamente quando login e senha darão certo novamente, seja em que nível de acesso se dê a conexão, nas suas várias formas e expressões de amor de: philos, fraternos, ágape, eros ...
O problema é que hoje estamos com muita falta de conexões verdadeiras, entre os Eus e os Eles(as).
E não venha culpar o tempo, estresse ou coisas do gênero.
É um dos efeitos colaterais e uma sociedade que desaprende a cada dia a ser NÓS.
Que embora superconectada pelos dispositivos móveis, ou nas internets das coisas, cada vez se encontra mais isolada, sozinha.
Solitários high-tech gourmets é em que estamos nos tornando.
Você vai caminhando pela praça, dá um bom dia e o outro lhe ignora.
Você senta-se à frente do atendente, que ao lhe atender, ali não está.
Seu gerente chama a equipe para uma reunião, fala, fala, fala, fala, ali ele não está.
Você leva seu filho ao médico, ali ele também não está.
Você chega do trabalho e conversa com os filhos, ali eles não estão.
Você faz terceiro turno na faculdade. E, na aula que assiste, o professor nela não está.
Você almoça com sua esposa, ali ela não está.
Você vai na missa, culto, ou similar, ali Ele também não está. Embora você insista em encontrá-lo num lugar diferente de seu próprio coração.
Precisamos reaprender como humanidade a criar, cultivar e manter conexões verdadeiras com os outros.
A deixá-lo participar de nossas vidas, e nós das deles.
Reaprender a fazer pontes, no lugar de muros.
Reaprender a tecer laços, no lugar de correntes.
Reaprender a erguer as velas, no lugar de lançar as âncoras.
Reaprender a conviver com o outro. Um outro amigo, confiante, orante, cooperativo e amistoso poderá ser muito terapêutico em nosso viver.
Como percebem, aquele problema de conexão evoluiu, agora atingindo os sistemas de humanização de pessoas e ambientes.
Pensemos nisso!
Agora vou ali, recuperar minhas senhas de conexões com os outros que um dia me tornaram maior, melhor e muito mais feliz do que era antes de conhecê-los.

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