Véspera de feriado, segunda enforcada,
acordo para ir trabalhar com aquele espírito de sexta-feira.
Tomando o cafezinho matinal, não tenho
como deixar de evocar as boas emoções vividas no final de semana, em João
Pessoa-PB. Tiro o carro da garagem e, ao acionar o portão automático, percebo
que um bom pedaço do muro de minha casa está demolido.
Chamo meu pai e vamos olhar o sinistro
fenômeno, para entendê-lo melhor.
Percebemos que além da mureta, a grade
que fica acima dela fora arrancada, e projetada dentro do meu lote, com a força
do impacto de algo que lhe aconteceu.
Mentalmente, contabilizo os prejuízos e
fico pensando no que poderia ter ocasionado aquilo, ou se uma criança como o JG
vai passando pela calçada na hora.
Olho à frente de minha casa, e os
carros dos vizinhos estão dormindo serenos, sem nenhuma marca aparente de
travessuras no dia anterior, no caso em meu muro.
Despeço-me dos familiares e sigo
chateado para o trabalho. Lá vem mais despesas e gasto de tempo para
providenciar os consertos.
Na cabeça, um monte de pensamentos
ruins tira as lantejoulas de meu ser.
Chegando à portaria do Condomínio, faço
minha primeira reclamação, começo a alimentar meu pensamento visgo de jaca. Que
são pensamentos que nos aprisionam neles. São limitantes. São Visgo de jaca é uma espécie de cola branca
que sai do caule da jaqueira, em que tudo que nela pisa, e passa um tempo ali, fica
grudado, como pequenos insetos e pássaros.
Têm pensamentos ruins que grudam na
alma como visgos de jaca.
Eles ficam grudados em nosso ser,
presos na gaiola de nosso coração.
Ou seja, são os
pensamentos-visgo-de-jaca-incapacitantes - aqueles que invadem nosso ser e
tiram toda a graça do viver.
Aprisiona-nos neles, quais insetos presos
no visgo, e ao colarem-se ao nosso dia a dia, roubam nossa energia, humor e percepção
seletiva de outros motivos para bem viver.
“Alguém
danificou o muro de minha casa, exijo investigações e providências."
Esbravejo, peito empedernido, na portaria, e aproveito para registrar
formalmente o ocorrido no livro de "queixas" do Condomínio. ”
Esse tipo de pensamento grudento é
ruim. Pois nada mais posso fazer sobre o muro, senão consertá-lo. Classifico
como pensamentos ruins como gratuitos, oriundos de coisas pouca, de besteiras,
de apegos bobos, de fatos acontecidos que podemos relevar, de pequenas
desgraças, de aborrecimentos cotidianos, para os quais podemos ter um
pensamento mais flexível, menos rígido, ou até deixá-los de lado.
Pensamentos do tipo que nos acompanham
ao nos culparmos por chegarmos atrasados a um evento importante.
Ou amaldiçoar aos outros, por pisadas
na bola pequenas, do tipo uma furada a um almoço de confraternização.
Sigo para o trabalho embrutecido com
meu pensamento ruim grudento. Vou tendo síncopes de pensamento ruins, do tipo
grudentos. Luto contra eles. Aprendi a reconhecê-los, eles vêm como arrotos
chocos da alma.
Ou aquela azia e gastura do ser.
Produzem sensações de impotência,
raiva, mágoa, desilusão, desânimo, frustração e muita, muita energia negativa.
Tudo neles aprisiona a alma, como num visgo de luto e sofrer.
Então, quando lhes reconheço, ativo as
técnicas da psicologia positiva. Conecto-me ao espiritual. Falo em voz alta uma
coisa boa que tenho. Sintonizo uma música legal. Crio uma visualização do final
de semana, das coisas boas que aconteceram. Até sentindo dele. E presto mais
atenção ao redor, procurando cenas belas, boas e virtuosas, até numa criança
que brinca, enquanto espera o ônibus.
Lentamente, tiro o foco do pensamento ruim
visgo-de-jaca, não lutando contra ele, mas colocando outros pensamentos amenos
no lugar.
Lutar é perdido, ele fica mais forte
ainda.
Aprendi a focar noutros aspectos, aí
ele vai calando.
Descobri que os pensamentos são os compositores
da percepção da vida e do viver.
Cuido deles com zelo, e virei fiscal de
pensamentos. Muitos pensamentos visgos
de jaca são gratuitos, podemos viver sem eles. Mas, será uma escolha racional,
deles se livrar.
Pensamentos são a fonte de energia
emocional. Cuidar deles é preventivo do adoecimento psicológico, e aumenta o
bem-estar.
Aprenda a identificar seus pensamentos
asfixiantes, aqueles que fica remoendo sobre eles o dia inteiro, e lute contra
eles. Não deixe que eles lhes envenenem, tirando teu brilho de viver.
Amplie o foco perceptivo de sua vida
para outras áreas, não afetadas pela ocorrência negativa. Troque a estação de
seu ser, para outra com menos ruído interior.
Quantas coisas boas, belas e virtuosas
deixamos de ver quando estamos aborrecidos com coisa pouca, coisas materiais
que perdemos ou os pequenos trancos que levamos.
Menos expectativas, menos cobranças,
perfeccionismo, menos controle sobre si mesmo e os outros, menos valorização do
que na verdade tem nada ou quase nenhum valor.
Para o que derramado está, paciência.
Se perguntarem aos monges e pessoas
sábias o segredo de seu bem-estar elas dirão que ele reside no que pensam.
Somos o que pensamos de nós mesmos, dos
outros e das circunstâncias.
Liberte-se do “visgo da jaca” antes que
aquela gosma grudenta das emoções negativas endureçam seus pés, em gaiolas
imaginárias.
Aprisionando qualquer possibilidade de
novos voos, ao acondicionar sua vida redomas claustrofóbicas que anulam
qualquer outra fonte de satisfação.
Saia desse galho pegajoso, e agora!
Mas, primeiro tem que ousar se
conhecer. Conhecer a força de seus pensamentos e sensações deli oriundas. Pensar
sobre o pensado é o segredo.
Conhecer a fonte de preocupações,
ansiedades e aborrecimentos sem futuro. Daqueles do tipo de quem encontra uma
roupa manchada ao retirá-la da máquina de lavar.
Qual a qualidade dos teus pensamentos?
Qual espaço que o bom, belo e virtuoso
tem no teu pensar?
Qual espaço que a poesia, a arte, o
encanto, o espiritual, a amorosidade, a estética, a vida que pulsa em todo
lugar, ocupa em teus pensamentos?
Crie seus infinitos particulares, com o
bom pensar. Voe até eles.
Habite neles.
Tente criar outro nível de qualidade,
bem mais positivo.
Verás milagres acontecerem em tua vida.
E, bem menos tarja preta. Não sem razão, São Paulo ao dirigir-se aos Filipenses
assim recomendou:
“Finalmente, irmãos, tudo o que é
verdadeiro, tudo o que é respeitável, tudo o que é justo, tudo o que é puro,
tudo o que é amável, tudo o que é de boa fama, e se alguma virtude há e se
algum louvor existe, seja isso o que ocupe o vosso pensamento." Filipenses
4,8
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