Rompendo a manhã.
Uma manhã de tráfego irritado e pensante.
Preocupante avanço lento, sobre hora de reunião iminente.
Um alerta: preste atenção no bom, belo e virtuoso... Então, desfoque-se do eu ansioso.
Miro para os lados, procurando um lugar para deitar meus pensamentos.
Vejo um campinho de futebol, improvisado na relva verde e viçosa.
Uma algazarra benfazeja.
Turma animada trazendo vida a dura lida.
Macacões cor de laranja correndo livres, de todos nossos fedores e detritos.
E o suor? E se sujar a roupa? Que seja desse bendito suor, primícias de alegria, que neles sejam marcadas, as tecituras dessa pele de quase-lona.
De quem foi a ideia daquela bola?
Quem juntou tantas vidas-severinas em momento de tão boniteza belezura?
E amanhã, haverá o racha matinal, antes do soar do ponto?
Rasgo de felicidade numa manhã de tráfego lento e pensante.
Deito meus pensamentos na relva macia, escuto a bola correndo por cima de minha alma, escuto os sons, os gritos, os abraços: é gol!
Gol de letra sobre destinos vadios.
Desço da arquibancada da vida e renasço.
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